O QUÊ SABEMOS SOBRE A CIMEIRA DE NEGÓCIOS EUA-ÁFRICA?


CIMEIRA DE NEGÓCIOS EUA-ÁFRICA
17.ª Edição da Cimeira de Negócios EUA-África, que iniciou em 22 de Junho de 2025 e prossegue até 25 de Junho, está a ser realizada em Angola. Este evento, de grande relevância não somente para os Estados Unidos de América e a África, mas também para a economia global, oferece uma oportunidade ímpar para discutir as dinâmicas de comércio internacional, fluxos de investimentos e o impacto das políticas monetárias no continente africano. 

Neste parecer, faremos uma análise detalhada sobre o impacto da cimeira em Angola, os seus efeitos no ambiente de negócios africano e o que ela representa para o futuro do nosso continente, com foco na economia angolana.

O que é a Cimeira de Negócios EUA-África?

A Cimeira de Negócios EUA-África é um evento de alto nível realizado a cada dois anos, visando estreitar as relações económicas entre os Estados Unidos e os países africanos. Reúne líderes empresariais, governamentais, investidores e especialistas de diversos sectores, buscando fomentar o comércio bilateral e atrair investimentos para África, além de debater questões económicas globais que impactam a região.

Durante este evento, discutem-se variados temas, como: políticas monetárias, segurança alimentar, energias renováveis, e transformação digital da economia africana. Além disso, a cimeira oferece um espaço para a assinatura de acordos comerciais e a formação de parcerias estratégicas que podem ter um impacto directo no crescimento e desenvolvimento dos países africanos.

Impacto da Cimeira no Ambiente de Negócios em África: Um Caso de Estudo

A Cimeira tem sido um evento crucial na promoção de investimentos e acordos comerciais para os países africanos. Para ilustrar o impacto da cimeira, podemos analisar o caso da edição de 2014, realizada em Washington, D.C., que se destacou pelos números expressivos de acordos e compromissos firmados.

Na Cimeira de 2014, o governo dos EUA anunciou uma série de iniciativas voltadas para o fortalecimento das relações comerciais entre os EUA e a África. Durante o evento, mais de $33 bilhões em novos investimentos foram comprometidos, distribuídos entre vários sectores, incluindo infraestrutura, energia e saúde. Este número destaca a cimeira como um ponto de viragem no que se refere ao aumento de investimentos no continente africano.

Além disso, foi anunciada a criação do Programa Power Africa, para aumentar o acesso à energia eléctrica em países africanos, principalmente na África Subsariana. Esse programa foi um dos maiores compromissos de investimento da história dos EUA com a África, prometendo $7 bilhões em investimentos para o sector de energia renovável e infraestrutura.

A edição de 2014 também resultou na criação de mais de 10.000 empregos directos e indirectos em vários países africanos, com destaque para os sectores de tecnologia, infraestrutura e educação. Esse tipo de impacto é significativo, especialmente para os países com altas taxas de desemprego juvenil, como os verificados nos nossos países.

Edições Posteriores e o Impacto de Longo Prazo

Após a cimeira de 2014, as edições subsequentes continuaram a gerar grandes resultados, com acordos bilaterais sendo assinados entre os EUA e países africanos. Em 2019, por exemplo, a Cimeira EUA-África realizada em Washington resultou em $60 bilhões em novos acordos comerciais, reafirmando a importância do evento como uma plataforma para os negócios.

É importante notar que, além dos números absolutos de investimento, a cimeira também tem impacto na qualidade dos investimentos, com ênfase em sectores estratégicos como inovação digital, tecnologia verde e sustentabilidade, áreas essenciais para o crescimento económico de longo prazo da África.

A Edição de 2025 e as suas Expectativas para Angola: Oportunidades e Impactos

Com esses números e exemplos em mente, a 17.ª edição da cimeira oferece a Angola a oportunidade de captar uma parte significativa desses fluxos de investimentos. Além dos recursos financeiros directos, a cimeira serve como uma plataforma para Angola atrair parcerias estratégicas, não apenas com empresas e governos dos EUA, mas também com empresas africanas que visam expandir as suas operações no continente.

Ou seja, esperamos, como país, podermos repetir ou até superar os resultados das edições passadasA expectativa é que a cimeira traga, ao menos, $5 bilhões a $7 bilhões em novos investimentos, especialmente para sectores como energia renovável, infraestrutura e tecnologia, alinhando-se com a agenda de reformas que o governo angolano está a implementar. Além disso, a cimeira oferece uma plataforma para Angola fortalecer a suas relações comerciais com parceiros africanos, além dos EUA, através do AfCFTA, criando um ecossistema mais integrado para negócios.

A realização de grandes acordos pode significar para Angola a geração de milhares de empregos nas áreas de infraestrutura e energia, impulsionando o desenvolvimento da suas indústrias locais e criando oportunidades para os jovens angolanos. A experiência das edições anteriores sugere que, além dos investimentos em si, a cimeira pode fomentar uma transformação estrutural na economia dangolana, ao criar um ambiente mais favorável ao empreendedorismo e à inovação.

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